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terça-feira, 25 de outubro de 2011

GRANDES HOSPITAIS REGIONAIS PODEM SER ALTERNATIVA PARA CONCENTRAR OS SERVIÇOS DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE

Regionalizar os serviços de média e alta complexidade e regulados de maneira a garantir o acesso aos usuários, com financiamento adequado para executar estas políticas, é um dos desafios, diante dos enormes problemas que os gestores de saúde enfrentam ao assumir a gestão de uma secretaria de saúde.

O desafio de fazer com que as redes de referência funcionem de maneira adequada não se resume à organização dos serviços disponibilizados. A Assedisa Re­gional da Fronteira-Oeste entende que as redes devem estar mais próximas dos mu­nicípios. “Sabemos que não se pode ter to­das as especialidades dentro do Município, mas consideramos que precisamos ter esse serviço num raio de, no máximo, 200 km”, aponta a Secretária da Saúde de Alegrete, Maria do Horto Salbego.
Com conhecimento de causa, ela cita o exemplo da traumato-ortopedia de alta complexidade, serviço que mais de 500 mil habitantes em onze municípios têm que procurar em cidades como Rio Gran­de, mesmo que o município esteja a 500 quilômetros e não seja uma referência. “As redes funcionam com extrema dificuldade, com acessibilidade muito restrita que limi­ta principalmente às cidades do interior”, critica. “Não temos determinados serviços que deveriam estar mais perto da nossa região, nem suporte para atender a casos mais específicos”.
A dispersão dos serviços em diversas cidades e prestadores também é um im­portante elemento a se considerar. Sem ter um lugar em que sejam centralizados, a ne­cessidade do transporte de saúde pode ser aumentada, gerando gastos desnecessários às secretarias, manutenção de estrutura para o gerenciamento dos agendamentos periódicos e um vai e vem de carros, vans e ambulâncias, que se deslocam em distâncias mais curtas dentro da própria região ou mais longa, aumentando os riscos no trânsito das estradas, além de acabar contribuindo para a desor­ganização do sistema. 

É o caso de Canguçu, que diariamente carrega pacientes para vários outros municípios, como Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria e Pelotas. São mais de 450 pacientes transportados toda semana para Porto Alegre e Pelotas. Têm sido um dilema enfrentar o trânsito das estradas todos os dias, com o risco de freqüentes acidentes que vem ocorrendo com os transportes de saúde do município.
Uma das soluções para esse problema, poderia ser a criação de hospitais regionais públi­cos, defendida pela ASSEDISA – Associação dos Secretários e Dirigentes Municipais de Saúde. Essas estruturas, a serem gerenciadas pelo Estado, ou até mesmo pelos municí­pios, concentrariam todos os atendimen­tos para a população de determinada área. Assim, a necessidade de transporte seria bastante reduzida, tendo em vista que os deslocamentos teriam, via de regra, desti­no certo. Além disso, com uma rede regio­nal que realmente funcione, a necessidade de submeter os pacientes ao atendimento em Porto Alegre também seria reduzida em grande parte.
Maria do Horto é uma das defensoras da criação de “hospitais fortes regulados com a mão do Estado”, sendo gerenciados através de uma parceria entre a Secretaria da Saúde e os municípios. “O que existe hoje são hospitais filantrópicos ou privados vendendo serviços para o Sistema Único de Saúde. É necessário ter alguns hospitais pú­blicos nas regiões para que se possa realizar investimentos de maior porte e para que seja possível dar conta dessa complexidade de modo que possamos resolver o problema de forma conjunta”, disse. 

Alegrete fica a quase 500 km da capital, localizado na Fronteira-Oeste e próximo da divisa com a Argentina. A regulação, como em todos os municípios do Estado, é feita a partir da central que fica em Porto Alegre. A 10ª Coordenadoria regula algumas espe­cialidades. Já na área de neurologia, quem atende a referência de alta complexidade é Uruguaiana, e na área da oftalmologia de média complexidade, é Rosário do Sul. “Por essa diversidade na localização dos servi­ços é que temos defendido a proposta de que o Plano Plurianual do Estado considere os hospitais regionais, ao menos para regi­ões distantes dos grandes centros, como a nossa”, diz Maria do Horto.
Contudo, ela avalia que a regulação nos últimos períodos vem se qualificando, mas ainda é deficitária por não assegurar o acesso dos municípios do interior a di­versas especialidades, como neurologia e traumatologia. “O que dificulta o funcio­namento da rede é que ela não é estabele­cida a partir da necessidade real de cada município”, contextualiza. “Falta organi­zação, para que a rede possa ser melho­rada e qualificada a partir da estrutura existente, para que assim a logística possa existir, já que a atual não é adequada”.

Fonte: Revista ASSEDISA

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