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terça-feira, 25 de outubro de 2011

O DESAFIO DO FUNCIONAMENTO DAS REDES DE REFERÊNCIA

A edição de junho da Revista da ASSEDISA – Associação dos Secretários e Dirigentes Municipais de Saúde, trás em sua página central, importante assunto que trata do funcionamento das redes de referência, um desafio aos gestores da saúde do RS. As redes, são estruturas hierarquizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que deveriam oferecer acesso aos municípios do interior do Estado, principalmente aos menores, onde há poucas especialidades de média complexidade. Já as de alta, praticamente inexistem.
A desorganização da rede de referências causa transtornos diários e intermináveis principalmente, aos gestores municipais de saúde, que ficam aflitos por não atenderem de maneira satis­fatória às demandas que se acumulam em suas secretarias. Em Canguçu, são mais de 1,7 mil agendamentos para mais de 30 diferentes especialidades, na chamada “demanda reprimida”. Algumas especialidades como cardiologia e urologia, são aguardadas há mais de um ano.
O encaminhamento de um paciente para uma referência próxima de onde ocor­reu o primeiro atendimento muitas vezes se transforma em uma peregrinação inter­minável que pode demorar dias e percorrer centenas de quilômetros na busca de um di­reito básico: ser atendido.
É como se o usuário fosse paciente da Atenção Básica apenas até conseguir uma consulta para determinada especia­lidade; a partir daí ele passa a ser pacien­te da rede de média e alta complexidade. Se o usuário for encaminhado para um grande centro, o risco de perder o conta­to com o paciente é ainda maior.
Um sistema que deveria funcionar de forma organizada e hierarquizada transforma-se muitas vezes numa es­tressante disputa por leitos e consultas especializadas. A falta de regulação dos processos vai do gestor estadual – a quem cabe por lei o regramento do sis­tema – às referências regionais, que de­veriam prestar determinados serviços e não o fazem, e à gestão municipal, que em muitos municípios, engatinha na organização da Atenção Básica. Se a falta de financiamento é evidente, a boa gestão será fundamental para a organização das redes.
Estado e União não cumprem com seus percentuais - Municípios ficam com o ônus

Não obstante, os entes federados de­vem assumir de vez os seus papéis nesse processo. Muito mais do que cobrar re­sultados, Estado e União precisam me­lhorar seus investimentos na Saúde. O Rio Grande do Sul destinou apenas 4% do seu orçamento para a Saúde em 2010, enquanto o correto seria 12%. Uma bai­xa aplicação que se repete há décadas.
A União, por sua vez, também des­cumpre a Emenda Constitucional 29, não dando o devido financiamento ao setor. Em contrapartida, resta aos mu­nicípios arcar com o ônus.
As necessidades são várias: planeja­mento, organização, profissionais com perfil adequado, capacitação, gestão e financiamento. A discussão está posta e exige atitude. Como fazer com que as redes de saúde realmente funcionem?

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